quinta-feira, 16 de novembro de 2017

EU NÃO ME CHAMO LIL PEEP
















                                       Ninguém merece morrer. Mas, se não morrêssemos onde iriam os Deuses encontrar lugar para tanta gente? Não escolheram eles, a terra como privilegiada? A menos que estejam escondendo o jogo e nos façam uma surpresa, apresentando gente, ou quase gente, ou lá o que seja, de outras paragens deste mundão de meu Deus. Que digo? Pois um cara com tudo pela frente, nas suas vinte e uma primaveras resolve por fim à vida ingerindo dose cavalares de alucinógenos! Dói? dói, mas como posso me lamentar se sei que milhões, neste momento, não acham um punhado de farinha pra comer? Corram o mundo agora, visitem todas as redes sociais, feicebuque, twitter, tumblr, instagram, you tube e o escanbau afora;  Invadam PCs, celulares/telemóveis, Smarphones, yphones, whatsapp e o diabo a quatro e verão: Pelo menos cinco dos que se lamentam pela morte de Lil Peep passam fome ou está abaixo da linha de pobreza. A industria do lazer os distrai. Eles esquecem sua própria miséria e passam a chorar a dos outros. Distraídos, não invejam os felizardos, nem ambicionam seus teres. Muitos ainda pensam, num passe de mágica, chegar lá e apelam para o desporto, a música e até para práticas criminosas. O doce charme da burguesia.
                  Eu, Dá, Horus, Didi, vi. Velho cozinhar pedra, neguinho comer farinha de palmito de licuri - oh quanto azedo - beber água barrenta e salobra, dor de barriga danada,  parto levar mulher, criança moribunda e triste, gado, fome e sede matando, tuberculoso abandonado à própria sorte, padre seduzindo indefesas senhoras, bispo vendendo indulgências, para, foram tantas as coisas que vi. Não tenho tempo de chorar a morte de Peep.  Conselho e água só se dá a quem pede. Tu me pediste. Que disse eu? Toda experiência é válida, o perigo são as consequências. Nem sempre suporta o corpo os delírios da alma. Não nos conhecemos por inteiro, seria  enfadonho se fosse assim. Aventuras trazem vida, trazem morte. Quem sobrevive, aprende, quem não, ensina. Não te disse? Tens a vida pela frente, não vás com muita sede ao pote. E agora Gustav? Muito em breve, não precisarás recorrer ao sacrifício, teus senhores decidirão por ti, quando deverás morrer, seja estourando em teus ouvidos, bombas, seja enviando os males que te asfixiarão, reflete, então antes e goza os teus dias. 

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